O meu amigo Rossi Farias, que na época tinha uma revenda de carros, liga dizendo que tem um carro pra me mostrar.
-“Mazinho! Vem aqui na loja ver uma coisa!”
Fui até lá pra conferir. Era um Opala de Luxo 1978, 4 cilindros, cor bege areia metálico, interior monocromático com apenas 56.000km. Isto foi em outubro de 2003.
Pedi pra dar uma volta com o carro e no caminho encontrei meus amigos do Veteran Car Club de Criciúma Andrés (ex-presidente e um dos fundadores do clube) e Charles (o atual presidente).
Rodearam o carro, olharam por cima, por baixo, por dentro... lhes falei que a kilometragem era original, que tinha manual do proprietário, que havia sido comprado aqui mesmo na revenda Jugasa e pertenceu ao Dr.Sartóri, medico já falecido, e esteve guardado por muitos anos por seu filho Poti.
Se o que faltava era um incentivo pra comprar o carro posso dizer que os dois ajudaram. “Ta esperando o que pra comprar?” disseram.
Voltando pra loja do Rossi acertei o pagamento, parcelado, diga-se de passagem, e fui embora feliz da vida com meu “Opalão”.
A primeira coisa a fazer, uma revisão.
Levei o carro até a oficina de um mecânico conhecido dos meus tempos de juventude, o Célio Ghedin, e para minha surpresa ele disse:
-“Tu que comprou o carro do Dr.Sartóri? Eu que fazia as revisões pra ele, conheço esse carro de cabo a rabo, é todo original.”
Trocadas as molas que estavam “cansadas”, amortecedores novos, 5 pneus diagonais Pirelli Beta 6.95/14 zero, filtros, óleo, e pronto!
Defeitos do carro? Apenas os desgastes naturais do tecido dos bancos e o pára-lamas dianteiro esquerdo que havia sido mal consertado depois de uma leve batida, e aparentava estar meio “gordo”. Não havia nem sido retirado do lugar pra arrumar. Nada que desabonasse o carro.
Mas... pra mim sempre tem um mas, estes “defeitos” teriam que ser reparados.
Se o carro tivesse o interior preto sem problemas, mas marrom é outra conversa.
Recorri ao Magal, lembram do estofador que falei, pois é, eis ele aqui outra vez.
-“Trocar o tecido do banco não é problema disse ele, mas onde vais achar o marrom
original?”Disse o Magal.
-“Não tens uns metrinhos ai guardados?” Perguntei.
-“Não tenho e nem sei onde encontrar?” Me responde o Magal.
Mas não desisti e comecei a caçada ao tecido.
Mas quem tem amigo tem tudo. E meu amigo Montanha, é o tamanho do cara e do coração dele, encontrou em Londrina-PR o tecido marrom original do Opala 78.
Como a parte de curvim estava em muito bom estado foi reaproveitada.
Bancos recuperados só faltava o pára-lamas meio “gordo”, mas quase ninguém
“enxergava” o defeito. Imaginem o tamanho do defeito. E foi ficando assim mesmo.
Até que um dia... barbeiragem.
Como o retrovisor direito faz falta.
Ao estacionar no garajão não percebi que o Opala estava perto demais do Landau, sim
também já tive um Landau 80 e o estrago estava feito.
Agora não tinha jeito, já que tinha que recuperar o arranhão já arrumo o pára-lamas
dianteiro.
Serviço feito meu filho João Paulo disse:
-“Pai, bem que tu poderias me dar esse Opala!”
Como ele tinha 13 anos na época eu disse sim.
Agora ele tem 18 e quem diz que não é dele! Mas ainda está em meu nome e eu quem
“cuido” e ando com ele.
Tempos depois meu concunhado Bruno, de Porto Alegre, me presenteia com um ar
condicionado que ele tinha guardado há muito tempo.
Ar condicionado revisado e instalado, ficou assim.
O carro mantém os pára-choques originais.
Rodas originais com sobre-aros e pneus novos.
Interior totalmente original. Notem que o carpete desbotou onde não ficou coberto pelo tapete de borracha colocado quando o carro foi comprado.
Os tapetes de borracha já desgastados.
O painel e volante perfeitos.
Laterais de portas.
Plaqueta de identificação.
Adesivo de instruções sobre pressão dos pneus.
Caixa de fusíveis e chicote originais, notem a cor dos fios, sem gambiarras.
Até a capa protetora do extintor de incêndio.
Bancos e cintos de segurança.
Motor 4 cilindros 151.
Forro impecável.
Porta malas ainda com o tapete original e estepe zero.
Simplesmente imaculado.
A kilometragem hoje.
O carro como está hoje.
Certificado de originalidade.
Fica mais bonito ainda com essa placa.
Cá pra nós este foi barbada!!! Não se pode nem chamar de restauração.