O presidente da FBVA Roberto Suga concedeu entrevista ao Jornal do Carro-Estadão sobre a negativa do Denatran de emplacar carros clássicos com volante do lado direito.
Veja entrevista completa:
"Carros antigos com volante do lado direito estão tendo os pedidos de emplacamentos negados. Há pelo menos três casos de clássicos trazidos de países como a Inglaterra que não podem rodar no Brasil porque o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) não liberou a documentação. A decisão se baseia no Artigo 29 do Código de Trânsito Brasileiro, que não trata diretamente do tema nem veta a licença aos “estrangeiros”, segundo o presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA), Roberto Suga.
O texto do inciso I do referido artigo determina apenas que “a circulação far-se-á pelo lado direito da via, admitindo-se as exceções devidamente sinalizadas”. E só.
A justificativa é nobre – pretende atender quesitos de segurança, como reduzir a possibilidade de acidentes em manobras e ultrapassagens, por exemplo. Mas não se sustenta pois trata-se de uma questão de interpretação.
“A Guiana, por exemplo, utiliza mão inglesa e, como tem acordo de tráfego com o Brasil, os carros de lá podem rodar por aqui. Modelos britânicos também são liberados para trafegar nas demais nações da Europa”, afirma Suga.
Ele lamenta que muitos colecionadores não poderão guiar seus antigos quando forem a eventos pelo País. Os veículos desse tipo que já têm placas brasileiras podem continuar rodando normalmente.
Vice-Presidente Jurídico da FBVA, o advogado Fernando Antonio Marques orienta os colecionadores que tiveram o pedido de licenciamento negado a impetrar um mandado de segurança para garantir esse direito. Isso deve ser feito, no máximo, até 120 dias após a data de indeferimento da documentação pelo Denatran.
Para tentar desatar esse nó, representantes da FBVA estão empenhados em marcar um encontro com o ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD-SP). “Agora é uma questão de agenda”, diz Suga. “Nossa expectativa é participar de uma audiência até o fim do mês.”
Direção inglesa versus francesa
A chamada mão inglesa tem origem na Inglaterra (obviamente) medieval. A regra entre cavaleiros e cocheiros era manter-se à esquerda ao transitar por ruas e estradas, de modo a facilitar a empunhadura da espada em um eventual duelo, já que a maioria deles era destro.
Essa posição também servia para proteger a arma, que normalmente ficava presa à cintura, do lado esquerdo do corpo. O objetivo era dificultar as tentativas de desarmamento.
Há outra versão para o surgimento da “mão inglesa”, segundo a qual se os cocheiros ficassem à direita da via, poderiam acertar pedestres nas calçadas e animais quando açoitassem seus cavalos.
Já a mão francesa foi criada por Napoleão Bonaparte. A determinação de que todos os súditos trafegassem pelo lado direito daria vantagem ao imperador, que era canhoto, em caso de ataques.
Além de não seguir as regras inglesas, Napoleão mandou punir quem descumprisse suas ordens. Isso deu origem à mão francesa, adotada por vários países, inclusive Portugal, e, consequentemente, o Brasil.
Fonte: Estadão
Foto :Daniel Hendler
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