"No final dos anos 60 a ‘febre’ dos buggies da California chegou ao Brasil através da Glaspac, que passou a construir as carrocerias de fibra licenciadas pela Meyer Manx e que foi chamado aqui apenas como Buggy Glaspac.
Em final de 1969 o estilista Anísio Campos decidiu criar um modelo com design brasileiro e desenhou o exclusivo Buggy TROPI. Este passou a ser fabricado pela Kadron, tradicional fornecedor de escapamentos e kits de dupla carburação da época, com o nome de Buggy Kadron. Nos primeiros anos a Puma ficou encarregada de produzir as carrocerias, que eram feitas em paralelo à linha de fabricação dos Puma GT. Utilizava chassis VW encurtado e era vendido em kits para montar. Sob encomenda podia ser adquirido já montado, serviço que era executado na própria Puma. A fabricação do Kadron original foi até meados dos anos 70, quando foi descontinuada.
Linha Kadron dentro da fábrica Puma
Bug Kadron e automóveis Puma
Hoje os buggies Glaspac e Kadron originais são bastante raros e considerados clássicos. Algumas pequenas indústrias reproduzem cópias das carrocerias com algumas modificações até os dias atuais.
Em 1971 a Bosch, fabricante dos auto rádios Blaupunkt na época, criou uma promoção onde seria sorteado um Kadron entre os compradores dos seus produtos
-fotos da propaganda da promoção nas revistas AutoEsporte
e 4Rodas de maio/1971
e esse carro acabou sendo sorteado a um vizinho nosso quando morávamos na cidade de Maringá-PR. Ele ficou cerca de 3 meses com o carro e o colocou à venda. Como eu e meu irmão já éramos entusiastas por automóveis desde pequenos, ficamos fans daquele carrinho amarelo e com cara de carro de corridas, único na cidade. Foi então que meu saudoso Pai, fonte de nosso gosto pelos automóveis, resolveu comprá-lo e presenteá-lo a nós.
Em 1972 mudamos para Curitiba e o carrinho era destaque nos cursinhos pré vestibular e nas Universidades que frequentamos.
Os dois “sócios” e o buggy: em 1972 –eu sentado no volante-
e em 1973 em veraneio em Camboriú -com um primo, meu irmão calouro de cabeça raspada ao volante e eu.
Em 1976, já estava difícil compartilhar um único carro e conciliar os locais e horários das universidades e decidimos vende-lo, comprando dois Fuscas 1968 usados, desfazendo assim a ‘sociedade’. E nosso Kadron foi-se embora, deixando saudades...
O carro atual:
Por volta de 1997/98 encontrei em Curitiba um raro Kadron 1970 original e semelhante ao que tivemos, mas em péssimo estado, e resolvi reviver nosso antigo Blaupunkt com o maior detalhamento possível. Este carro tem a carroceria Nº 52 (o Blaupunkt autêntico tinha númeração com decimal 70, não lembro exatamente)
e também havia sido montado na Puma, trazendo os acessórios característicos de fábrica e outros detalhes
O velocímetro original comprei em Lindóia em 2003
Comprei o carro e fizemos a restauração em duas etapas, a primeira em Curitiba e a segunda refazendo fibra e pintura em Criciúma com a ajuda impagável do antigomobilista e compadre Andrés (sempre ele, um rato de oficina). O trabalho feito em Criciúma ficou com qualidade excepcional e acabamento inigualável, raro em serviços em fibra.
Hoje tenho na garagem a réplica do nosso primeiro veículo, que meu irmão e eu ganhamos pouco antes de completar 18 anos –somos gêmeos- e poder tirar a habilitação.
Algumas fotos do carro depois do serviço concluído
E como vê, não era lenda. rsrs
Abraço,
Irapuã"
O Iraney, irmão do Irapuã, comentou esta postagem e complementou a história:
"Como esclarecimento complementar...
Existiam dois Buggy Kadron Blaupunkt em Maringá-Pr. Na realidade foram entregues pela Blaupunkt duas unidades idênticas, sendo uma para o comprador do auto-rádio e outra para o vendedor/balconista que efetivou a venda do mesmo,a qual ficou em exibição na vitrina da Somaco S/A. revenda VW que vendeu o auto-rádio na época. Acredito que compramos a unidade que coube ao vendedor/balconista, pois a mesma ficou exposta na vitrina para venda até o início do segundo semestre de 1971.Quando o adquirimos, tinha pouco mais de 2000 km. Já não tinha os adesivos azuis circulares da Blaupunkt, porém mantinha em sua pintura marcas definitivas das mesmas.Cobrimos as marcas com círculos de adesivo contact preto.Com seu motor 1600 VW e carburação dupla Kadron e escapamento esportivo, pouco peso, arrancava patinando em 1ª e 2ª marchas.
Bons tempos...
Abraço,
Iraney"